A normalista (Adolfo Caminha, 1893)

Nas aulas de como se constrói um Romance, o autor Alberto Mussa falou uma frase, que servirá de guia para minha leitura dos livros. Este dizia: “Se um livro não te prendeu até a página 100, você pode desistir.”. E, infelizmente, foi isso que aconteceu com A Normalista. Não que o livro fosse ruim, mas talvez fosse um tanto monótono, ou, em um trocadilho besta, muito normal.

Conta a história de uma menina, chamada Maria do Carmo, que agora mora com seu padrinho João da Mata. Esta saiu do noviciado e entrou no colégio normal, se torna a normalista. Nesse meio tempo, ela namora um menino, chamado Zuza, que é de família boa, bacharelando, mas um tanto esnobe.

Quanto ao padrinho, é um senhor que, ao ver a normalista chegando aos 15 anos, tem um desejo feroz de possuí-la, onde no livro até se usa a expressão de “animal no cio” (p.86). Durante o desenrolar não fica claro se este abusou sexualmente da sobrinha ou não, mas existe um terror como se mostrasse que poderia acontecer a qualquer momento – especialmente quando ele bebe.

Maria do Carmo também tem uma amiga chamada Lídia, que estuda normal em sua sala. Todavia, esta possui uma fama ruim de ter namorado muitos rapazes e ser um pouco “moderna” para a sociedade. Além desses personagens, segue a esposa do João da Mata, o presidente, a mãe de Lídia, D. Campelo e outros poucos. Tudo isso se segue no Ceará, onde o Zuza trata com desprezo e apresenta a situação como cidade do interior, sem muitos detalhes. Outro fator que é até bastante interessante na obra tange na quantidade de referencias literárias que os próprios personagens leem e se identificam. Cita-se de Byron, Victor Hugo até o momento que Lídia e Maria do Carmo leem O primo Basílio escondido.

Sei que é injusto com uma obra literária ser comparada a outra, mas as similaridades com a Clara dos Anjos é bastante óbvia, talvez por ser naturalista. Hoje entendo os conceitos do ensino médio. Além disso, o tema que fica bastante perceptível no livro é a questão da sexualidade animalesca, onde o desejo é muitas vezes mais importante que o outro ser humano e pessoas inocentes, como a normalista, acabam sofrendo muito nessas situações.

Ora, acabei desistindo da obra na página 100, durante o casamento de Lídia e confesso que não foi porque a história tivesse um enredo ruim ou fosse insuportável, mas que os acontecimentos não me atraiam tanto a ponto de continuar. Talvez a outros seja diferente. E, por esse motivo, demorei mais a escrever esse post.

O próximo que me aventurarei será o Ubirajara do José de Alencar (1874), que complementa a história de Iracema. Assim terminará o ciclo de livros que comprei na Bienal. A partir daí vocês podem me dar sugestões dos mais diversos anos e gêneros que tentarei ler – basta haver facilidade de encontrar a obra.


É isso! Boas leituras!

Nenhum comentário:

Postar um comentário