Nas aulas de como se constrói um
Romance, o autor Alberto Mussa falou uma frase, que servirá de guia para minha
leitura dos livros. Este dizia: “Se um
livro não te prendeu até a página 100, você pode desistir.”. E,
infelizmente, foi isso que aconteceu com
A Normalista. Não que o livro fosse ruim, mas talvez fosse um tanto
monótono, ou, em um trocadilho besta, muito normal.
Conta a história de uma menina,
chamada Maria do Carmo, que agora
mora com seu padrinho João da Mata.
Esta saiu do noviciado e entrou no colégio
normal, se torna a normalista. Nesse meio tempo, ela namora um menino,
chamado Zuza, que é de família boa, bacharelando, mas um tanto esnobe.
Quanto ao padrinho, é um senhor
que, ao ver a normalista chegando aos 15 anos, tem um desejo feroz de possuí-la,
onde no livro até se usa a expressão de “animal
no cio” (p.86). Durante o desenrolar não
fica claro se este abusou sexualmente da sobrinha ou não, mas existe um
terror como se mostrasse que poderia acontecer a qualquer momento –
especialmente quando ele bebe.
Maria do Carmo também tem uma
amiga chamada Lídia, que estuda
normal em sua sala. Todavia, esta possui uma fama ruim de ter namorado muitos rapazes e ser um pouco “moderna”
para a sociedade. Além desses personagens, segue a esposa do João da Mata, o
presidente, a mãe de Lídia, D. Campelo
e outros poucos. Tudo isso se segue
no Ceará, onde o Zuza trata com
desprezo e apresenta a situação como cidade do interior, sem muitos detalhes.
Outro fator que é até bastante interessante na obra tange na quantidade de referencias literárias que
os próprios personagens leem e se identificam. Cita-se de Byron, Victor Hugo
até o momento que Lídia e Maria do Carmo leem O primo Basílio escondido.
Sei que é injusto com uma obra
literária ser comparada a outra, mas as similaridades
com a Clara dos Anjos é bastante óbvia, talvez por ser naturalista. Hoje entendo os conceitos do ensino médio. Além
disso, o tema que fica bastante perceptível no livro é a questão da sexualidade animalesca, onde o desejo é
muitas vezes mais importante que o outro ser humano e pessoas inocentes, como a
normalista, acabam sofrendo muito nessas situações.
Ora, acabei desistindo da obra na
página 100, durante o casamento de Lídia e confesso que não foi porque a
história tivesse um enredo ruim ou fosse insuportável, mas que os
acontecimentos não me atraiam tanto a ponto de continuar. Talvez a outros seja diferente. E, por esse motivo, demorei mais a
escrever esse post.
O próximo que me aventurarei será
o Ubirajara do José de Alencar (1874),
que complementa a história de Iracema. Assim terminará o ciclo de livros que comprei na Bienal. A partir daí vocês podem me dar sugestões dos
mais diversos anos e gêneros que tentarei ler – basta haver facilidade de
encontrar a obra.
É isso! Boas leituras!
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