Como nós : Irene na Multidão (Danielle Schlossarek, 2013)

É com muito orgulho que eu digo que li Irene na Multidão.
Como contei no post anterior, minha primeira experiência em me esforçar a ler novos autores foi em um encontro repentino com a Editora Oito e Meio antes da minha aula noturna. Ali estava na porta que recebia originais de escritores e aquela mensagem me atraiu, já que escrevo - mesmo que nunca tivesse publicado.
Foi o que encontrei: poucos livros, duas pessoas, uma mesa. Agora três porque eu havia entrado. Posteriormente descobri que uma era editora e outra era Danielle Schlossarek, que estava ali no lançamento de seu livro individual Irene na Multidão. Na verdade, o grande lançamento começaria mais tarde e eu, completamente leiga, entrei e fui a primeira a comprar o livro e a ter o autógrafo! Além disso, ganhei um broche.



E li e estou simplesmente apaixonada. 
É um livro que fica entre os contos e um romance. Inicialmente, a primeira história fala de uma mulher que trabalha no supermercado chamada Maria Clara e ela se recria, muda de nomes, inventa histórias. E, no momento que o narrador a encontra, ela se apresenta como Irene e depois some.
A partir desse ponto, começa-se histórias de personagens, encontros, desencontros, solidão, desespero entre cartas e muita imaginação. Nunca fica claro o que é real e o que é sentido, se Irene é alguém ou se está em alguém. Apesar dos contos terem histórias fechadas e não se encontrarem claramente, todas as histórias possuem harmonia, o que traz coerência quase implícita ao livro.
Além disso, a linguagem, a forma escrita é simplesmente fantástica. Tudo é muito poético, sem ser forçado e melodramático. Desde o cachorro que fica só, as mulheres que deixam os homens, os suicídios e a Irene que tem uns capítulos só dela, não fica perdido e sem sentido. Falando assim, soa estranho, mas foi uma experiência fantástica. Há um capítulo, chamado Fim, que reli umas dez vezes, o tanto que havia me tocado. E tantos outros que, sem dúvida, mudaram minha vida.

"O fim terá início quando, de repente, um planeta entrar em colisão com a Terra e, nessa hora, vamos nos perder em cálculos intermináveis e nos agarrar a esta existência, vamos descobrir que fizemos muito e nunca nos demos conta do tamanho desse tanto, e perceber o quanto consideramos esse pequeno tanto que é apenas nosso. Quando o fim estiver início, desejaremos permanecer exatamente onde estamos, sem grandes mudanças, persistindo na entendiante frustração dessa nossa rotina diária num esforço final de sobrevivência e esperança." Esse trecho tem um toque do filme Melancolia, não? Mas achei maravilhoso!

Não me lembro agora de qual autor que falou, mas se foi dito que é possível ler um romance que fosse bonzinho, mas um conto ou é ótimo ou é um fracasso. E esse livro tem contos ótimos, com um refinado gosto artístico, sem ser blasé

Recomendo veementemente para aqueles que gostam de poesias, contos, arte e de ter experiências catárticas com livros. Está a venda no site da editora que citei acima. 

Acho que agora, finalmente, posso voltar para A Normalista, do Adolfo Caminha! Fui tão longe para voltar aos romances modernos.

Abraços e boas leituras!!

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