O Fantasma da Ópera - Gaston Leroux (segunda parte)

Olá, amigos leitores!

Enfim, a segunda parte do meu post sobre o livro O fantasma da Ópera. E, com muita alegria, a final. Quero contar um pouco quais foram minhas impressões, especialmente porque sempre fui fã do teatro, do filme, do musical e tudo que circulava sobre a história do Fantasma. Acredito que, muitos outros como eu, são fãs antes mesmo de ler o livro, o que é muito curioso, mas comum. 

E, parece ser bem comum esse comentário, mas o livro é completamente diferente da obra, tanto do teatro quanto do cinema. Mas eu acho que é diferente em um nível até complexo porque os personagens, para mim, tem outro papel. Fico impressionada que, as últimas 100 páginas são voltadas para o relato do Persa, que é absolutamente esquecido no musical e na peça. Sem ele, não haveria relato sobre a história que se segue! E a madame Giry? Não aconteceu nada daquilo que se fala no cinema, da relação dos dois. Ela, na verdade, é um personagem vazio, sem expressividade e bastante fútil. A briga da troca de cartas também não ocorre. Fora que, pela narrativa tentar ser muito concreta, cheia de relatos e detalhes, não há o romanceamento que se vê no musical e no cinema. O fantasma da Opera, que no livro só se chama de Érik, é um personagem completamente perturbado e claramente psicótico. Carlota também é um personagem que aparece muito pouco, sem fazer grandes contraposições com a Christine. E a própria Christine me surpreendeu muito.

Primeiro porque ela desafia o Raoul. Com um anel de ouro, dado pelo fantasma, no começo, ela parece encantada pelo anjo da música, e comprometida com ele (não, necessariamente, em um sentido amoroso). Como falei no post anterior, ela não reconhece o Raoul na primeira vez, só depois se aproximando que lembra e, ao pedi-la em noivado, ela apresenta o anel do fantasma e disse que não vai noivar coisa alguma! Onde a Christine do filme faria isso? Ela é completamente apaixonada desde o primeiro instante na obra do teatro. Me soou que ela tem muito mais autonomia e decide pelo Érik no começo. Só depois que a memória dela se aproxima de Raoul, ela se apaixona e vai em direção a ele, ainda muito assustada. Isso no começo do livro.
Segundo, os sentimentos dela são muito mais complexos no livro do que na peça. No musical, parece que ela é besta, apaixonada pelos dois. Ora, fica muito claro no livro que ela não é apaixonada coisa alguma pelo fantasma! Especialmente quando eles se conhecem. No começo, quando era só uma voz, ela se sentia encantada, hipnotizada e seduzida, mas jamais apaixonada. Depois, quando a conhece, ela tem um profundo horror. Tanto horror que no final do livro, ela tenta se matar (e não consegue) quando está com o fantasma. O Don Juan Triunfante que o Fantasma escreve, também, não é interpretado, como é visto no filme/musical.

E, o mais interessante, para mim, é o final. O começo tem as cenas clássicas: o lustre caindo, o enforcamento, a nova diretoria chegando, um mistério por trás do fantasma e a voz que a Christine ouve. Aliás, ela não faz ideia de que a voz é o fantasma.
O fim não é assim. O fim é terror puro, suspense e apavorante. Você fica angustiado com o Raoul e o Persa indo atrás da Christine. Não é simples que nem o musical. Ou a Christine casava com o fantasma ou ele explodia o Opera! E, por isso, é bem incrível.

Olhando por essa perspectiva, o filme é uma completa re-adaptação do livro em sua história. Infelizmente não há poesias, com as músicas. E como faz falta! Se formos mais a fundo e compararmos o livro com a última peça baseada no Fantasma da Opera (que seria a continuação), Love Never Dies, ai podemos ver que é outra história totalmente outra, sem quase relação com a mensagem que o livro original queria dizer! Quando vi Love Never Dies já achei completamente diferente da história. Agora, vendo a relação da Christine com o fantasma no livro, vejo que é absolutamente impossivel que faça algum sentido essa continuação. Christine estaria se contorcendo no túmulo se soubesse que inventaram o Love Never Dies, de tão absurdo e doentio que é. Todavia, não posso negar que é outra bela peça!

Então, é isso! Comentarios? Sugestões de livro? 

Um abraço e boas leituras!

O Fantasma da Ópera - Gaston Leroux (primeira parte)


Olá, meus amigos leitores! Tudo bem? Espero que sim!

Estou seguindo na minha leitura lerda do livro que está no título: O Fantasma da Ópera!

E dividi minha análise do livro em dois momentos, porque eu ainda estou na página 124, tendo ainda muito o que acontecer.

"A estranha conversa com Christine o perturbava por inteiro!... Pensava menos em Christine do que no que a cercava, e esse "cercar" era tão difuso, tão nebuloso, tão inacessável, que ele experimentava um mal estar muito curioso e muito angustiante."

O livro foi escrito em 1910 e foi, sem dúvida, a obra mais famosa de Gaston Leroux. Ele fez um trabalho muito especifico em tentar aproximar a realidade aquilo que escrevia, contando de artigos de jornal, relatos e entrevistas sobre pessoas que souberam desse grande mistério que circulou o Opera de Paris. Sei que, no meio desses relatos, ele recria um romance entre a Christine e Raoul, junto com outros elementos bem romanceados como os sentimentos dos personagens. 

Eu estou lendo a versão da L&PM pocket e receio dizer que há muitos erros de tradução e reliteração ao português. No próprio trecho que eu coloquei já dá para perceber o excesso de "muito" e, um detalhe que se encontra no livro, reticências em demasia. Há outros, como o termo "Daaé pai", que inglês é Daaé's Father, sem a readaptação. 

Sobre a história em si, o tema central é o mesmo das grandes peças de teatro: um fantasma assombra o Opera de Paris e Christine parece ser vítima deste, utilizando-se do discurso de que seria o Anjo da Música. Mas, apesar de a peça continuar a ser bem parecida com o livro, há algumas diferenças interessantes. Por exemplo, quando Christine canta, é comum que passe mal depois e que se desgaste completamente após a música, por tamanho esforço que ocorre. Raoul, no primeiro momento, não é reconhecido pela cantora quando disse ser seu amigo de infância. E, além disso, cria a hipótese de que ela é amante do Fantasma da Opera, tendo até desprezo por ela. E, mesmo tendo ela explicado a situação, ele a chama mentirosa. Fora que, para mim, no livro o personagem dele é muito arrogante e mesquinho, por ser rico. 

É um livro muito interessante de se ler! Vale a pena. Na próxima parte contarei mais detalhes da história que eu omiti, junto com as grandes surpresas que ainda virão!

Você já leu o livro? O que achou? Comente :)!

Abraços e boas leituras!!

Assim falou Zaratustra - F. Nietzsche

Me sinto vitoriosa porque eu finalmente terminei o Assim falou Zaratustra, do nosso amigo Friedrich Nietzsche. Quem leu meu último post sabe do sofrimento que passei durante a leitura deste por causa de sua filosofia e de sua linguagem. Várias vezes pensei em desistir, mas insisti e não me arrependi.

O livro conta a história de Zaratustra, uma pessoa a qual não sabemos a história anterior. Se inicia quando ele, que estava a montanha, sente que é hora de descer e passar seus ensinamentos. O personagem é apresentado no estilo profético, de mestre, quase messiânico e, nos seus ensinos, se baseia principalmente a necessidade da superação do homem, já que Deus morreu e a valorização do Super-homem. Essa mensagem, se perceber o contexto histórico em que o autor viveu, tem um grande valor simbólico e é por esse livro em que se espalha a mensagem de que Nietzsche matou Deus. A exaltação do homem e de sua autonomia frente as “crendices” é o tema central durante toda a obra.

Sua narrativa é basicamente circular entre a descida de Zaratustra a cidade e o retorno a montanha quando ele se sente exausto com a demanda que o povo trás. Muitas vezes ele se deprime, chora, ri, quer fugir e percebe o quanto as pessoas não entendem a mensagem que se propõe.

De fato, a leitura é cansativa e o início do livro, a qual a base é os grandes sermões de Zaratustra é um tanto entediante. Todavia, quando o autor retoma a narrativa e principalmente nos capítulos finais, se torna mais interessante. No meu caso, como estudo Teologia, achei muito interessante sua argumentação sobre a morte de Deus e a apropriação de outras religiões, a qual se destaca a cristã, na formação da identidade desse profeta. Alguns são os exemplos: os sermões são paralelos aos da montanha, de Jesus. Além disso, ele faz modificações de conhecidas frases do cristianismo como “não só de pão o homem viverá” e Zaratustra completa “mas também de uma bela carne!” ou, outra situação, que ele fala do Reinado do homem, retomando a ideia do Reino de Deus.  Ele também faz ironias o tempo inteiro, tanto com os próprios personagens quando as pressuposições religiosas, dizendo que “só se entrará no Reinado se formos como vacas”. Enfim, para pessoas que possuem uma mentalidade crítica sobre a religião, é um livro muito rico.

O próprio personagem de Zaratustra é muito carismático, sempre enfatizando o rir, dançar, se divertir e o sarcasmo. Isso atrai a pessoa ao texto e traz a curiosidade de qual será o final do profeta.

Além disso, li pela tradução da Martin Claret, que eu percebi poucos erros de português (como usar tanto a palavra bailar e dançar para a mesma situação) e se utilizou do termo Super-Homem, que é uma tradução controvérsia ao termo utilizado pelo autor.

Para terminar, o saldo foi positivo e recomendo, apesar de ter plena certeza que é bem exaustivo e que, para pessoas religiosas, pode ser assustador (o que não foi no meu caso). Novamente, desculpe a demora na leitura porque foi bem difícil e não conseguia ler mais de 5 páginas por dia, problematizando o ritmo que normalmente tenho a ler.

E para a próxima semana... Surpresa!
Já digo que é um livro que nunca li, mas que conheço a história de cor.
Dica: se tornou peça de teatro e filme.


Um abraço e boas leituras!